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domingo, 26 de agosto de 2012



"Postes apagados, névoa interna, e sorriso ensanguentado…

Sinto, sento e choro, na sarjeta suja, inundada com meus lamentos que me abraçam, ainda incandescentes, desgastando meus sonhos em amargura. O vento forte abate as folhas secas que vestem as árvores perto de mim. Outonizei-me, fiz durar meus prantos, prolonguei-os, como quem acredita que devastadoras tormentas trazem leves brisas sobre a face cansada, inchada, borrada, notavelmente lacrimejada durante as contínuas insônias que vem, tomando o lugar do descanso. 
[…] Minhas lágrimas caem como pétalas de flores mortas, enxugam o luto que sinto por mim, ao morrer tantas vidas, tantos sonhos, antes de perder o último fôlego, antes de se vestir de mármore frio.
Fecha-se de cicatrizes minh’alma. Agora as dores já não latejam forte como antes. A frieza veio, e congelou-me a medo de viver. O que antes me batizava de folhas caindo, hoje é granizo cadente. É nevasca, neblina, orvalhos cristalizados.
Me fiz inverno, bruma cortante.
Olhei para o alto como de costume, me levantei, guardei minha angústia no bolso de dentro da alma, e segui em frente, sem dizer uma palavra." 


- Annd Yawk

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